A FORMAÇÃO DO DIABO NA MENTE HUMANA (Rastros do Oculto)

A idéia do francês Baudelaire, do Século XIX, cujo verso dos mais realistas é:

“O mais belo estratagema do diabo é nos persuadir de que ele não existe.”

O diabo é resultado de uma longa gestação que é composta basicamente por três fatores:

Ø Sincretismo: Com a mistura de vários povos, a miscigenação de várias culturas, a assimilação de vários costumes formando um só povo, forma também uma crença. Assim como, por exemplo, no Brasil que já devia existir um conceito de diabo entre os índios, também já existia entre os portugueses quando esses chegaram. Com a mistura de culturas também se dá a mistura de todas as religiões. E como no mundo sempre, ou quase, existi u a figura da maldade estampada num ser, se formou o diabo, dessa mistura de mitos sobre o medo.

Ø Processo de Transferência: Com a dificuldade humana de reconhecer suas falhas e erros e até mesmo sua natureza malvada e pecaminosa, o homem achou uma bela válvula de escape, o diabo. O homem transfere para o diabo suas maldades e frustrações interiores.

Ø Mitologia: Vem de diversas fontes. A primeira dela é a histórica, admite-se que muitos personagens mitológicos verdadeiramente existiram, mas as lendas e tradições fabulosas são apenas acréscimos e embelezamentos poéticos. A segunda fonte é a alegórica pura, onde se admite que os mitos da Antigüidade eram apenas simbolismos, contendo alguma verdade moral, religiosa ou filosófica.


A HISTÓRIA DO DIABO ATRAVÉS DOS TEMPOS

Ø MESOPOTÂMIA: Aparentemente não havia a concepção de demônio, havia, sim, uma distinção entre deuses bons e aqueles encarregados de espalhar o mal aos homens e à natureza, segundo cada espécie. Havia o grupo que cuidava de espalhar as doenças contagiosas (lepra e malária), o grupo que influenciava na natureza (vendavais e secas) e o grupo que influenciava o comportamento do homem (raiva, ódio, fúria, epilepsia, distúrbios mentais).

1. Sumérios (3000 a.C.): Os registros sumérios registravam trechos de vários mitos, mostrando que deuses, como Enki, eram vistos como fontes de vida e fertilidade, aparecendo ora como deus-terra, ora como deus-água; Enki, com Anou ou An, deus-céu. E Enlil, deus do vento e, mais tarde, deus da terra, são os deuses mais primitivos da Suméria. Nin-ur-sag, também chamada de Nin-mah ou Aruru, a senhora da montanha, também era cultuada. A hierarquia entre esses deuses muda com o tempo. No início da civilização Suméria, Anou ocupa a principal posição. Depois o deus supremo passa a ser Enlil, considerado o regente da natureza, o senhor do destino e do poder dos reis. Por sinal o rei assumia papel divino. Os antigos sumérios procuravam obter as graças divinas por meios de sacrifícios regulares e oferendas. Cada deus tinha sua festa especial.

2. Acádios (2330 a.C.): Não tiveram um longo legado religioso, mas deixaram algo de muito importante na revelação das trevas, a crença em semideuses. Também foi um período de importantes obras arquitetônicas religiosas.

3. Babilônios (1799-1750 a.C.): Os babilônios (e posteriormente os Assírios) incorporaram os deuses sumérios apenas trocando seus nomes e alterando sua hierarquia. Anou, Enki e Enlil permaneceram como deuses principais. Mas muitos outros deuses eram venerados pelos babilônios: Por exemplo, Sin, o deus-lua; e Ishtar ou Astarté, deusa do dia e da noite, do amor e da guerra. No reinado de Hamurabi, o deus supremo passa a ser Marduk, o mesmo Enlil dos sumérios, porém mais poderoso. Chamado de “pai dos deuses”, ou criador, Marduk sobrevive com o nome Assur, deus supremo da Assíria, quando esse povo domina a Mesopotâmia. Sabemos também da existência das torres escalonadas (Zigurates), típicas construções religiosas dos babilônios da Mesopotâmia, e também da existência dos templos. O Marduk é elevado deus principal pelo código e Hamurabi. Este código também estabelecia leis que regiam a vida e propriedade dos súditos do rei Hamurabi. A religião de Marduk, foi a última grande síntese das correntes espirituais mesopotâmicas.

4. Assíria (1750-650 a.C.): Segundo a relação encontrada na biblioteca de Assurbanipal (668-626 a.C.), em Nínive, mais de 2500 entidades eram divinizadas pelos Mesopotâmicos.A prática de exorcismo era uma atividade mágica na região. Rezas, penitências, ritos especiais e outras práticas maléficas e abolir as causas do mal.

5. Neo-babilônia (650-539 a.C.): Havia um sincretismo que se manifestava sublimemente na arquitetura. Nabopolassar tinha recebido intimação dos deuses para restaurar a construção sagrada; As dimensões foram calculadas de acordo com a revelação divina: “Reuni os oráculos de Shamá, Adade e Marduk e guardei décor as medições que os grandes deuses tinham decidido enviar-me através do oráculo; tinha que ser edificado através de fundações seguras, no coração do Apsu, com seu ápice na altura do céu”. Em, outras palavras, a altura deveria ser igual à base, as dimensões das paredes laterais da base tinham que ser iguais as dimensões totais do edifício; Aproximadamente 92 x 92 x 92 metros. Portanto, a construção fixou firmemente toda a cidade dentro dos parâmetros cósmicos. As medidas e a elevação da rampa, também não eram aleatórias, mas tiveram suas proporções indicadas. Uma rampa em degraus colocada no centro da fachada sul conduzia diretamente ao topo do segundo estágio, que era de fato a altura em que se encontrava o embasamento do antigo templo. Acima do segundo estágio, constava uma plataforma e erguiam-se todos os estágios subseqüentes, Zigurate sobre Zigurate. Este consistia em quatro terraços dispostos em degraus regulares com uma escada interna. O terreno do Zigurate era o epicentro vital da cidade de Babilônia, e, a partir daí, do Império como um todo. Nele, onde o céu e a terra estavam conectados, os deuses pairavam em elevada segurança acima dos mortais e seu território. Ali, o Zigurate podia ser contemplado como um pilar cósmico, que assegurava a continuidade de toda a nação.
E-sagila, o Templo de Marduk, foi seu edifício mais notável, com Etemenanki – O Grande Zigurate – de aproximadamente sete andares.


**** Extraído do Livro: Rastros do Oculto. Isabela e Daniel Mastral